“Foi uma experiência riquíssima. Você via no olhar de cada um a satisfação de estar ali”. A fala do analista ambiental Flavio Paim resume bem o que foi o 1º Seminário de Boas Práticas em Gestão Socioambiental, organizado na região Sudeste pelo ICMBio em parceria com o FUNBIO – via Projeto Apoio a UCs. Durante cinco dias no final de outubro, representantes de populações tradicionais se reuniram com diferentes órgãos e ministérios do governo federal, no Centro de Formação em Conservação da Biodiversidade (ACADEBio), no interior paulista.
Era a sétima vez que o pescador artesanal Alexandre Anderson saía do Rio de Janeiro para participar de um evento no local. E ele diz que pretende voltar todas as vezes que for convidado. “Sempre trago uma bagagem de trocas, aprendizado e conhecimento muito forte. Como representante de comunidade tradicional, me sinto grato por estar de igual para igual, compartilhando café e almoço com chefes de unidades de conservação e até gerentes do ICMBio. Isso nos traz conforto para fazer nossas explanações. Realmente somos ouvidos ali”, diz Anderson, que é presidente da Associação de Homens e Mulheres do Mar da Baía de Guanabara (AHOMAR).
O intuito do seminário era justamente este: estreitar os vínculos entre servidores e comunitários para aperfeiçoar as políticas públicas e melhorar a gestão das áreas protegidas. “Com um forte foco na costura de parcerias, partilha de saberes e experiências, a interação entre diferentes temas e representatividades foi o grande destaque”, diz o servidor Alexandre Lantelme Kirovsky, da gerência Regional Sudeste do ICMBio.
Com oficinas, debates, estudos de caso e apresentações culturais, o evento terminou com a proposta de criação de um Grupo de Trabalho para o planejamento de políticas públicas regionais. E possivelmente virá por aí um encontro ainda maior. “O seminário voltado para a região Sudeste vem se somar aos já produzidos nas regiões Norte e Nordeste. Além das outras regiões que ainda serão contempladas, vamos escalando para um futuro seminário nacional sobre o tema, que consolidará o estratégico papel da gestão socioambiental nas políticas públicas”, antecipa Alexandre Kirovsky.
E o tom dos próximos encontros será o mesmo: com muito diálogo entre governo e sociedade civil. “Hoje todo mundo sabe que a maior parte conservada do território brasileiro é ocupada por populações tradicionais e povos originários. Eles são agentes de defesa do meio ambiente”, diz o analista ambiental do ICMBio Flavio Paim, que esteve no seminário representando a APA Cairuçu e o Núcleo de Gestão Integrada de Paraty. “É esta a ênfase da gestão socioambiental: trazer as populações tradicionais para um trabalho colaborativo com as instituições. E é isso que a gente viu ser cultivado o tempo inteiro durante o seminário”.
Foto: Rubem Jayron/ICMBio