Oficina permitirá que comunidades costeiras construam biodigestores

Crédito: Dante Coelho

Os manguezais têm um papel social e ecológico essenciais para o meio ambiente. A Área de Proteção Ambiental (APA) de Guapi-Mirim, que completa 40 anos em 2024, foi a primeira Unidade de Conservação do país criada para a conservação de um manguezal. Está situada no Rio de Janeiro, na Baía de Guanabara, abrangendo os municípios de Magé, Guapimirim, Itaboraí e São Gonçalo.

Uma das ameaças aos mangues é o crescimento urbano e o acúmulo de lixo. Contribuindo para o equilíbrio entre a comunidade e o ecossistema, o Quilombo do Feital, que fica dentro dos limites da APA, em Magé, hoje conta com um biodigestor construído pela própria comunidade, a partir do subprojeto Guanamangue, desenvolvido pelo Instituto Onda Azul e apoiado pelo componente Manguezais do Projeto Pesquisa Marinha e Pesqueira gerido pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO). A partir dos recursos destinados à iniciativa, foi possível levar ao quilombo o curso prático com a participação de lideranças locais para a instalação do sistema, a produção de video aulas para que esse conhecimento possa ser multiplicado e a assistência técnica de manutenção para o biodigestor.

Créditos: Dante Coelho
Créditos: Dante Coelho

O sistema auxilia no saneamento do território e ainda produz um biogás que pode ser usado em um fogão. Para manter a conservação e viver com menos impacto na área de proteção, a comunidade precisava descartar corretamente o esgotamento sanitário. Hoje, a natureza e os moradores agradecem. Desde outubro de 2023, quando foi instalado, o sistema cumpre o objetivo principal de tratar o esgoto dos sanitários, transformando a matéria orgânica em biogás por meio da atividade de bactérias anaeróbicas.

Olivar Bendelak, do Núcleo de Educação Ambiental, da APA de Guapi-Mirim, explica mais sobre a iniciativa. “A escolha desse local ocorreu pela necessidade de dar destinação adequada ao esgotamento sanitário de duas residências cujas fossas sépticas apresentavam vazamento nos respectivos terrenos. O objetivo principal do projeto foi proporcionar a oportunidade de um curso, com foco na população extrativista da região da APA de Guapi-Mirim, para construção de biodigestor modelo chinês, por ser de construção artesanal, com geração de gás de cozinha”, destaca.

A presidente da Associação do Quilombo do Feital, Val Quilombola, conta que outro benefício trazido pelo biodigestor foi a visibilidade para o local.  “Quando a gente vai fazer um passeio, uma trilha pelo manguezal, a gente passa pela minha casa e, automaticamente, eu explico o que é o biodigestor. Então já é mais um atrativo para quem trabalha com o turismo de base comunitária na região”, afirma.

As lideranças das associações extrativistas locais e moradores da região que fazem parte de outras associações de pesca apoiadas pelo Projeto Educação Ambiental participaram de um curso, realizado na Associação do Quilombo do Feital.     O curso acabou virando a própria instalação do sistema no quilombo e a instalação foi transformada em uma videoaula produzida para ampliar o potencial de outras comunidades na construção de seus próprios biodigestores. Assim, a metodologia de aprendizagem poderá ser replicada alcançando outros territórios.

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