SUBPROJETO:
cavalo-marinho

SUBPROJETO ESTUDO DA BIOECOLOGIA E DO BY CATCH DE CAVALOS-MARINHOS (SYNGNATHIDAE: HIPPOCAMPUS) COM VISTAS AO MANEJO SUSTENTÁVEL NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

O Subprojeto Estudo da Bioecologia e do by catch de Cavalos-Marinhos (Syngnathidae: Hippocampus) com vistas ao Manejo Sustentável no Estado do Rio de Janeiro, também conhecido por Cavalo-Marinho, teve como instituição responsável o Instituto Hippocampus e foi realizado no período de 2016 a 2018.

Os cavalos-marinhos são espécies ameaçadas de extinção no mundo inteiro e estão entre os teleósteos marinhos comerciais mais importantes da Convenção Internacional sobre o Tráfego de Espécies Ameaçadas da Fauna e Flora (CITES). Costumam ser capturados para o comércio através da pesca ou pelo by catch ou captura acidental.

O estado do Rio de Janeiro é um dos principais portos de desembarque do Brasil, com 156 terminais pesqueiros ao longo de 25 municípios litorâneos. O monitoramento do pescado desembarcado aponta a região metropolitana do Rio de Janeiro como o principal porto em 2012, com o equivalente a 47% da produção estadual. Angra dos Reis, Niterói e Cabo Frio também são considerados importantes nessa categoria. Os recursos marinhos mais relevantes são os peixes ósseos. Das várias artes de pesca, o arrasto para captura de camarões e peixes é a prática que mais retira cavalos-marinhos do ambiente marinho e estuarino, e em menor expressividade, eles fazem parte também do by catch da pesca de emalhe de fundo ou superfície. Mais de 95% dos cavalos-marinhos presentes no comércio internacional são oriundos do by catch.

Diante desse contexto, esse Subprojeto propôs a realização de um amplo estudo ao longo da costa fluminense, a fim de compreender a bioecologia dos cavalos-marinhos, a sua relação com os demais recursos pesqueiros e os requerimentos para sua conservação.

Por que fazer?

O Rio de Janeiro com os mais variados recortes e ambientes de baías, enseadas, praias arenosas, costões rochosos, ilhas, manguezais, entre outros, possui a orla perfeita para o habitat das mais variadas espécies, onde encontramos os delicados cavalos-marinhos. Existem poucos registros e informações biológicas sobre cavalos-marinhos no Rio de Janeiro.

Sabe-se que os cavalos-marinhos (Syngnathidae: Hippocampus) são teleósteos com características peculiares: não possuem escamas, nem linha lateral, não possuem dentes, o estômago não é morfologicamente diferenciado, não possuem glomérulos nos rins, apresentam o corpo revestido por anéis ósseos, alimentam-se por sucção de presas vivas, são capazes de mover os dois olhos independentemente e possuem uma cauda preênsil, são ovovivíparos e o macho possui uma bolsa incubadora para desenvolvimento dos ovos, já que esta é a única família do reino animal onde apenas os machos geram os filhotes.

Grande parte das espécies é monogâmica, o casal formado pode permanecer junto por vários eventos reprodutivos, o que acaba limitando o potencial reprodutivo da fêmea que aguarda o macho liberar os filhotes de sua bolsa incubadora para poder lhe passar um novo lote de ovócitos. Da mesma forma, quando um dos pares é pescado, o outro acaba se expondo a predadores em novos ambientes, a procura de outro parceiro. Outras características populacionais, como baixa mobilidade, fidelidade local, distribuição em manchas e habitats degradados tornam esses peixes especialmente vulneráveis.

Desde 2010, o Projeto Hippocampus realiza mergulhos para identificação de locais de ocorrência e de monitoramento das populações de cavalos-marinhos na Baía da Ilha Grande e Baía da Guanabara. Por meio de conversas com pescadores e mestres de barcos no Rio de Janeiro, foi possível confirmar a ocorrência da pesca acidental (by catch) de cavalos-marinhos. Foram identificados 55 espécimes de cavalos-marinhos oriundos do by catch do camarão rosa em dezembro de 2014. Outra amostra foi obtida no lado externo da Ilha Grande e constou de 124 cavalos-marinhos, medindo entre 7,2 e 12,5 cm de altura, que foram pescados durante o mês de novembro de 2014 por apenas uma embarcação.

Diante desse quadro, e agravado pelo fato de que os cavalos-marinhos também sofrem outras ameaças relacionadas à atividade humana, como a coleta desses animais para o mercado de aquariofilia4 e medicina tradicional caiçara. As três espécies brasileiras de cavalos-marinhos foram inseridas na lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) e na lista de espécies ameaçadas do estado do Rio de Janeiro.

Diante destes motivos, o Subprojeto se propôs a investigar a bioecologia e o by catch de cavalos-marinhos na pesca industrial, através do monitoramento nos distintos ambientes ao longo do litoral fluminense. Com o cumprimento das metas e objetivos desta pesquisa, buscou-se fornecer embasamento científico para a efetiva conservação dos cavalos-marinhos.

Como foi realizado?

As atividades realizadas estavam relacionadas aos objetivos do Subprojeto. Dentre elas destacam-se:

Foram realizadas amostragens de cavalos-marinhos no by catch da pesca industrial de arrasto e de emalhe e durante os mergulhos de monitoramento. Houve a identificação dos itens da dieta do cavalo-marinho através da análise do conteúdo estomacal.

Foi feita a estimativa do número de cavalos-marinhos/espécie/hora/barco por meio de monitoramento das redes, durante os embarques em cinco portos: São João da Barra no compartimento, Macaé, Cabo Frio, Niterói, São Gonçalo, Angra dos Reis. Os cavalos-marinhos encontrados nas redes pelos pescadores foram entregues a integrantes da equipe do Projeto Hippocampus.

Houve análise dos dados do monitoramento dos desembarques pesqueiros para definir a relação entre pesca alvo e by catch de cavalos-marinhos, ao longo do espaço e do tempo e sua relação com os parâmetros bióticos e abióticos.

Principais resultados:

A seguir, alguns resultados alcançados por este Subprojeto:

· Foram analisados 208 cavalos-marinhos, sendo 2 Hippocampus reidi e 206 Hippocampus patagonicus. Os H. patagonicus variaram de 2,9 a 13,4 cm de altura, enquanto que o H. reidi macho mediu 12,7 cm e a fêmea 12 cm de altura.

· Os parâmetros populacionais obtidos mostram que, na relação peso x altura dos cavalos-marinhos, os machos foram maiores e mais pesados que as fêmeas.

· As amostras de cavalos-marinhos quando avaliadas por classes de altura e sexo, ou mesmo por estação do ano, mostraram-se tendenciosas para machos (sempre mais machos que fêmeas).

· A comparação das três populações de cavalos-marinhos mostrou alta diversidade genética para Baia de Guanabara (0,027) e baixa para Baía de Ilha Grande (0,006) e Pernambuco (0,002).

· Foram realizadas 229 entrevistas com pescadores ao longo dos portos de Angra dos Reis (66), Cabo Frio (36), Niterói (36), Macaé (43) e São João da Barra (48).

· Desde o início dos mergulhos, ocorreram 134 avistagens na Ilha Grande, 43 em Arraial do Cabo, 38 na Ilha da Gipóia, 18 em Tanguá e 2 na Praia do Lula (Parati), todos indivíduos da espécie H. reidi.

· Em Arraial, a predominância de substratos encontrados foi de Esponja (83,33%). Na Ilha da Gipoia, os substratos mais encontrados foram alga (35,71%), esponja (25%) e rocha (25%). Na Ilha Grande, a predominância observada foi de alga (58,02%) com uma representativa presença de esponja (24,69%). Tanguá foi a única localidade onde a esponja não foi observada de forma representativa (5,26%), onde a predominância de substratos foi alga (42,11%) e rocha (52,63%).

· O estudo mostrou que as maiores profundidades de captura foram observadas em Arraial, com média de 3,93 metros e desvio padrão de 1,23 metros.

· Foi realizado o 1º primeiro workshop de resultados parciais em Porto de Galinhas, contando com a presença dos pesquisadores parceiros.

· Foram realizados eventos, publicação de trabalhos em seminários científicos, com o objetivo de divulgar e disseminar os conhecimentos gerados para a sociedade.

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