SUBPROJETO:
efeito de contaminantes

SUBPROJETO EFEITOS DE CONTAMINANTES PERSISTENTES E PETROGÊNICOS NA SAÚDE E RESILIÊNCIA DE RAIAS E TUBARÕES E IMPLICAÇÕES PARA A CONSERVAÇÃO

O Subprojeto Efeitos de Contaminantes Persistentes e Petrogênicos na Saúde e Resiliência de Raias e Tubarões e Implicações para a Conservação, iniciado em 2021, com duração prevista de dois anos, vem sendo desenvolvido pela Fundação Educacional Ciência e Desenvolvimento (FECD), que se propõe a identificar áreas críticas para raias e tubarões (elasmobrânquios) no estado do Rio de Janeiro, bem como a condição ambiental dessas regiões.

Pretende-se que tais estudos gerem subsídios para análises futuras de risco ambiental da exposição de elasmobrânquios a contaminantes orgânicos, bem como para direcionar medidas de conservação, a partir da qualidade ambiental de ecossistemas-chave, para acompanhar o estado de saúde dos indivíduos e para propor ações de mitigação dos impactos em populações afetadas pela poluição no Rio de Janeiro.

Por que fazer?

A poluição é uma ameaça severa ao ambiente marinho e contaminantes orgânicos são de particular preocupação, pois são persistentes e biodisponíveis, com tendência à bioacumulação ao longo da cadeia trófica, causando efeitos tóxicos à biota. Os elasmobrânquios são altamente sensíveis à contaminação química devido à sua longevidade, taxa de crescimento lenta, baixa fecundidade e gestações longas, assim como posições tróficas elevadas. Alguns efeitos tóxicos de contaminantes orgânicos incluem danos celulares, fisiológicos e sistêmicos, afetando a saúde dos animais expostos e podendo causar agravos reprodutivos, de sobrevivência e ecológicos.

Isso é de particular preocupação, visto que qualquer estresse que se some à sobrepesca, já existente sobre essas espécies, aumenta a vulnerabilidade de raias e tubarões e pode comprometer de maneira irreversível sua recuperação populacional, especialmente para espécies já ameaçadas.

No Brasil, de acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio, 40% das 151 espécies de elasmobrânquios estão ameaçadas, sendo 18% criticamente em perigo, 5% em perigo, 16%, vulneráveis e 1% é considerado regionalmente extinto7. Muitos elasmobrânquios apresentam hábitos costeiros durante pelo menos uma de suas fases de vida, incluindo a fase juvenil, ficando assim expostos de forma crônica a contaminantes químicos. No entanto, avaliações de contaminantes ambientais para este grupo são escassas, embora a poluição tenha sido recentemente identificada como uma prioridade para os esforços de conservação, considerando os riscos à saúde humana e à segurança, tendo em vista o consumo dessas espécies.

Assim, este estudo propõe avaliar os efeitos sistêmicos da exposição a poluentes orgânicos em elasmobrânquios da costa fluminense, mapear áreas prioritárias para sua conservação e avaliar sua condição ambiental, considerando projeções futuras indicativas do aumento da presença e toxicidade de poluentes em um cenário de mudanças climáticas.

A proposta também objetiva analisar as concentrações dos poluentes em carne de cação consumida por crianças da rede pública de ensino do Rio de Janeiro, como uma estratégia indireta de conservação.

O público beneficiado pelo Subprojeto é composto por: comunidade científica, estudantes de graduação e pós-graduação em biologia e áreas afins, gestores de áreas prioritárias que se enquadrem em Unidades de Conservação, população em geral que consome elasmobrânquios, principalmente, aqueles em situação de vulnerabilidade socioambiental, como pescadores e suas famílias, e por fim, crianças das escolas públicas que consomem carne de cação.

Como está sendo realizado?

As atividades do Subprojeto estão ocorrendo de acordo com os objetivos específicos propostos, abrangendo múltiplas linhas de investigação, sendo a primeira proposta do gênero a integrar estudos ecotoxicológicos e medidas de manejo e de conservação para elasmobrânquios.

O estudo avaliará a presença de contaminantes orgânicos em machos e fêmeas, juvenis e adultos de diversas espécies, relacionando-os com diferentes vias fisiológicas e bioquímicas essenciais para a saúde, sobrevivência e recrutamento de raias e tubarões. Ao final, será elaborado o cenário da contaminação, possíveis ameaças à saúde destes animais pela exposição a contaminantes orgânicos e os eventuais riscos à saúde humana. A partir daí, serão propostas formas de mitigar os impactos antrópicos identificados.

Visto que esta pesquisa conta com a colaboração de membros da Sociedade Brasileira para o Estudo de Elasmobrânquios e do grupo de especialistas de tubarões da IUCN, os dados gerados serão utilizados para direcionar futuras medidas de manejo. Também contribuirá para informar o quanto a poluição afeta as espécies estudadas, com potencial aplicação para toda a área de distribuição dessas espécies, além de possível identificação de novas ameaças ainda não listadas pela IUCN.

Ações de sensibilização, treinamento, extensão e educação ambiental serão realizadas nas colônias de pesca parceiras, para construir valores, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação de elasmobrânquios.

Resultados esperados:

· Elaboração das seguintes bases de dados:

o Sobre a contaminação por HPAs12, agrotóxicos e compostos policlorados13, polibromados14 e perfluorados15 nos elasmobrânquios analisados.

o Dos impactos fisiológicos e ecológicos de hidrocarbonetos petrogênicos e outros contaminantes orgânicos nos elasmobrânquios neotropicais.

o Das alterações histopatológicas16 encontradas devido a exposição a hidrocarbonetos petrogênicos e outros contaminantes orgânicos.

o Acerca dos impactos neurotóxicos17 de hidrocarbonetos petrogênicos e outros contaminantes orgânicos.

o Da ingestão semanal de contaminantes nos elasmobrânquios analisados.

o Dos parâmetros de risco humano de consumo de alimentos contaminados pelo consumo da carne dos elasmobrânquios analisados.

· Criação de um canal de comunicação entre a comunidade científica e gestores, pescadores e a população;

· Elaboração de bancos de dados contendo as espécies de interesse, fatores ambientais e fatores antrópicos das áreas avaliadas e os dados de todas as atividades humanas na costa do estado;

· Considerando que esta proposta também tem como alvo espécies listadas como DD18, os dados gerados terão o potencial de realocar essas espécies para outras categorias nas próximas avaliações nacionais;

· Produção de mapa com as áreas de maior riqueza de espécies e diversidade funcional de elasmobrânquios e mais vulnerável às atividades humanas, identificando as áreas prioritárias para a conservação das espécies-alvo;

· Produção de documento com conteúdo informativo sobre o uso e pesca sustentável de elasmobrânquios na alimentação no formato de cartilhas orientativas e folders;

· Realização de eventos de limpeza de praias; de jogos lúdicos infantis sobre conservação de elasmobrânquios e cartilhas educativas sobre as espécies-alvo do Subprojeto.

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