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SUBPROJETO MULTIPESCA: CIÊNCIA PARA A SUSTENTABILIDADE DA PESCA, PESCADO E PESCADORES DO RIO DE JANEIRO

O Subprojeto Multipesca: Ciência para a Sustentabilidade da Pesca, Pescado e Pescadores do Rio de Janeiro, foi executado, entre 2016 e 2021, pela Fundação Educacional Ciência e Desenvolvimento (FECD), com apoio da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), com a proposta de ampliar o conhecimento e abordar os principais desafios da biologia pesqueira no estado do Rio de Janeiro.

O Multipesca teve como objetivo geral realizar uma análise multidisciplinar integrada dos principais aspectos relacionados à gestão pesqueira no estado do Rio de Janeiro, com ênfase no Norte Fluminense1, gerando conhecimento científico das dimensões social, econômica, ambiental e tecnológica, visando subsidiar a sustentabilidade das atividades pesqueiras artesanais e industriais na região. Para isso, levantou e avaliou dados fundamentais para a caracterização dessa atividade na região, como a estatística de desembarque pesqueiro, ampliando também o conhecimento sobre aspectos biológicos básicos das principais espécies exploradas, incluindo a determinação de seus tamanhos demográficos e suas distribuições geográficas.

Por que fazer?

No Brasil, a pesca é uma importante atividade econômica, movimentando cerca de R$ 3,6 bilhões anuais, segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA, 2007). O país está entre os 30 maiores produtores de pescado no mundo, e a atividade gera mais de 3,5 milhões de empregos diretos e indiretos.

O estado do Rio de Janeiro ocupou, no passado, o primeiro lugar na produção pesqueira em nível nacional, e de acordo com a Fundação Instituto de Pesca do Estado do Rio de Janeiro (FIPERJ) segue como o segundo maior mercado consumidor de pescado do país. Por sua importância histórica, cultural e econômica, a pesca representa uma alternativa segura para uma parte significativa da população do estado do Rio de Janeiro.

A partir da década de 70, com a chegada mais intensa do setor petrolífero no norte fluminense, Macaé passou a ser percebida como um polo gerador de empregos e recebeu um fluxo intenso de imigrantes de outras regiões do país. Parte deste contingente que chegou à região não foi absorvido pelo setor petrolífero e passou a ocupar postos de trabalho tidos como informais, como a pesca. Entre as consequências da chegada dessa indústria na região, estão o crescimento populacional desenfreado e a sobrepesca.

Em municípios da região como Rio das Ostras e Casimiro de Abreu (Barra de São João), por exemplo, a atividade pesqueira é, praticamente, desconhecida em termos técnicos e científicos, não se conhecendo nem mesmo a dimensão das frotas (número de barcos e de pescadores nas diferentes modalidades de pesca), as características das frotas pesqueiras e dos petrechos utilizados, volumes de desembarque e de comercialização, principais espécies comercializadas e aspectos socioeconômicos dos pescadores.

Conhecer o real nível de exploração dos estoques é um dos pré-requisitos básicos da gestão pesqueira. A estatística de pesca e a observação de diferentes aspectos biológicos das espécies são necessários justamente para se atingir esse conhecimento. Um dos caminhos para tornar a atividade pesqueira sustentável é a implementação de políticas públicas pautadas na pesquisa e na geração de conhecimento sobre a atividade pesqueira.

O Subprojeto MULTIPESCA insere-se nesse contexto, ao pretender aumentar o conhecimento técnico e científico sobre a pesca, o pescado e os pescadores do Rio de Janeiro abarcando uma multiplicidade de linhas de ação e de pesquisas desenvolvidas, pois inclui estudos em biologia, sistemática2, ecologia, conservação, identificação e avaliação de estoques, estatística pesqueira e socioeconômica da pesca. A análise integrada dessas linhas de ação servirá de subsídio para o manejo das pescarias, em uma tentativa de auxiliar na gestão da atividade pesqueira no Norte Fluminense, com foco em Rio das Ostras, Macaé, e Casimiro de Abreu (Barra de São João).

Como foi realizado?

As atividades desenvolvidas, atenderam aos objetivos específicos do Subprojeto.

Em relação às espécies capturadas no Norte Fluminense, as atividades realizadas na pesquisa envolveram a elaboração de listas taxonômicas, estudos da dinâmica reprodutiva, descrição da dieta e ecologia trófica de algumas espécies consideradas importantes nos desembarques, além da criação de um banco de dados com informações genéticas de ao menos 150 espécies capturadas.

Com relação à atividade pesqueira, a pesquisa baseou-se em um levantamento de dados sobre as frotas pesqueiras e os pescadores de três locais de desembarque ainda pouco conhecidos cientificamente no norte do Rio de Janeiro (Macaé, Rio das Ostras e Barra de São João), além de desenvolver atividades de divulgação da data comemorativa do Dia Mundial do Oceano e atividades pedagógicas de extensão e de divulgação dos temas da pesquisa.

Principais resultados:

· Concessão de bolsas para 36 alunos/pesquisadores, incluindo o apoio à elaboração de oito trabalhos de conclusão de curso de graduação, cinco dissertações de mestrado e quatro teses de doutorado.

· Apresentação, em eventos científicos nacionais e internacionais, de 37 trabalhos que também foram publicados.

· Publicação de 26 artigos em revistas nacionais e internacionais, e outros 16 manuscritos estão submetidos ou em finalização para submissão.

· Publicação de um livro.

· Realização de atividades de extensão: cerca de 14 mil visitantes participaram, presencialmente, de 71 eventos (acadêmicos e comunitários), que incluíram exposições, cursos, feiras e oficinas, com destaque para cinco edições do evento anual “Dia Mundial dos Oceanos – O Mar Invadiu o NUPEM”.

· Edição de kits da Coleções Biológicas Didáticas de Peixes e Invertebrados para empréstimos às escolas.

· Realização das Coleções Biológicas do NUPEM e de Vídeos Educativos para divulgação, no canal do YouTube, em comemoração da edição virtual de 2021 do evento “Dia Mundial dos Oceanos: O Mar Invadiu o NUPEM”.

· Foram produzidos e publicados 36 vídeos no canal do YouTube e Instagram do Dia Mundial dos Oceanos, além 140 publicações em redes sociais. Os vídeos já somaram mais de 7.400 visualizações desde junho de 2020. Com recursos dos Subrojeto Multipesca e Costões Rochosos, foi possível construir e equipar o prédio do Laboratório Integrado de Biologia Marinha (LIBMAR), e construir o Museu de Biodiversidade (BioMuseu) que, além de abrigar todas as Coleções Biológicas do NUPEM/UFRJ, também possui um novo espaço expositivo e de Educação Ambiental.

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