SUBPROJETO CAIU NA REDE 2

O que é o projeto?

Desenvolvido pelo Instituto de Pesquisas Marinhas, Arquitetura e Recursos Renováveis (IPEMAR) em parceria com o Marulho Produtos Ecológicos, o Subprojeto Caiu na Rede, continuação da primeira fase de ação emergencial iniciada em 2021, durante a pandemia, tem buscado coletar redes de pesca fantasma descartadas na região de Angra dos Reis e Ilha Grande para serem reutilizadas e transformadas em produtos de maior valor agregado (upcycling), utilizando técnicas tradicionais, preservando saberes culturais e gerando renda nas comunidades de Matariz e Provetá, regiões historicamente ligadas a pesca na Ilha Grande – RJ.

Em sua segunda fase, espera-se que haja a coleta de ao menos 500 kg de rede de pescas fantasma sem uso e que sejam gerados cerca de 100 mil reais de renda para as comunidades tradicionais envolvidas nessa iniciativa.

Por que continuar o Subprojeto?

Desde julho de 2020, a atividade central da Marulho é interceptar redes de pesca que iriam para o descarte, e, potencialmente, para o oceano para transformar em novos produtos junto às comunidades caiçaras.

Os produtos confeccionados a partir de redes de pesca são desenvolvidos por meio de uma parceria entre o IPEMAR e a Marulho Produtos. A experiência prévia da instituição com essa iniciativa mostrou a grande relevância de se conseguir garantir uma renda mínima para as famílias envolvidas. Até agora foi gerado um total de R$ 28 mil reais para membros da comunidade tradicional caiçara.

As atividades já realizadas vêm alcançando os objetivos esperados, contudo, para se obter resultados duradouros esse deve ser um processo contínuo, de médio a longo prazo. Para isso, busca-se melhorar as condições de trabalho dos envolvidos, tanto garantindo uma renda mínima aos redeiros3 já envolvidos e capacitados, quanto melhorando as condições de trabalho no espaço previamente revitalizado, que se encontra equipado para oficinas e é usado também para lavagem e estocagem das redes de pesca fantasma coletadas.

Este modelo de negócio tem como objetivo o fortalecimento do elo mais sensível dessa cadeia, os profissionais de rede, que sabem como manejar e trabalhar esse material tradicionalmente, pescadores e ex-pescadores. Busca-se não só gerar renda diretamente para esses trabalhadores, a partir de um resíduo típico de sua ocupação, como também demonstrar de maneira prática a importância desse conhecimento.

Ao longo do processo, foi possível acompanhar bons resultados em relação à pesca fantasma. Esse material não tem ido para o lixo, nem largado no píer. Tem sido possível observar também que os núcleos familiares têm se fortalecido em torno dos redeiros com movimentos espontâneos de mulheres, filhos e filhas destes para começar a auxiliar e apoiar o núcleo familiar.

A continuidade do apoio a essa iniciativa certamente favorece tais comunidades tradicionais caiçaras. Além de fortalecer um novo modelo de negócios, atua nos quesitos ambiental, ao destinar corretamente petrechos de pesca fantasma; no social, ao ressignificar saberes tradicionais e buscar igualdade de gênero nesse processo; e no econômico, ao gerar renda para os elos mais fracos da cadeia de produção.

Como está sendo realizado o Subprojeto?

A execução dos trabalhos está sendo organizada pela parceria da Marulho, de maneira semelhante aos trabalhos que esta já vinha realizando há quase dois anos nas comunidades tradicionais caiçaras. As atividades do Subprojeto visam o alcance de seus objetivos específicos.

A atuação continua a partir de quatro núcleos familiares de Provetá, segundo maior núcleo populacional da Ilha Grande e comunidade historicamente ligada à pesca, além de ter menor fluxo turístico na ilha. A continuação do Subprojeto permite maior estabilidade no trabalho e reforça as relações na comunidade.

Na Praia de Matariz, onde anteriormente foi revitalizado um espaço na antiga fábrica de pescados Kamome (atual EBRAPESCA), continuam ocorrendo atividades paralelas (como aulas de Muay Thai e horta colaborativa) e pretende-se manter essas ações junto a oficinas pontuais para capacitação sobre a arte de costura de redes de pesca.

A parceria com a escola municipal local (E.M. Brasil dos Reis) continua, uma vez que ela recebeu doação de equipamentos na primeira fase do Subprojeto e, por isso, conta com um notebook, uma antena de internet e uma impressora para uso na comunidade, bem como com um plano de internet mantido pela empresa parceira. Essa parceria existe por se considerar essencial o investimento em educação e a boa relação com a liderança comunitária e diretoria da escola, além do bom resultado das atividades educacionais realizadas.

Dessa maneira, visando a geração de renda, estão realizando coletas e fornecimento das redes de pesca fantasma, higienização das redes, oficinas de artesanato e a produção de sacolas (ecobags).

Para melhorar as condições de trabalho e manejo das redes de pesca fantasma, estão sendo providenciadas a manutenção do meio de transporte e a compra de uma embarcação de apoio, além de outras aquisições que facilitarão todo o processo tais como uma hidrolavadora para lavagem das redes, caixas organizadoras e/ou outros compartimentos para armazenamento das redes.

Para promover e valorizar o conhecimento da cultura tradicional caiçara, estão sendo realizadas oficinas para ensinar as técnicas de costura de rede e de amarrações próprias da pesca, contando com facilitadores locais. Para possibilitar a oficina, faz-se necessário a aquisição de fios, agulhas e cordões típicos da pesca para viabilizar o reuso das redes e sua transformação em itens artesanais de maior valor agregado.

Por fim, para garantir a sustentabilidade do Subprojeto, foi previsto investimento em estratégias de comunicação para escoamento da produção. É prevista a contratação de um especialista em comunicação, que incorpore a essência do “Caiu na Rede” e contribua na divulgação e na promoção de seus produtos.

Principais resultados esperados

· Resgate de 500 kg de rede de pesca;

· 10 oficinas realizadas;

· 50 novos participantes nas oficinas técnicas de costura de redes e amarrações tradicionais da pesca;

· Produção de ecobags5 por redeiros de comunidades pesqueiras da Ilha Grande;

· Aquisição de uma embarcação de apoio para transporte das redes;

· Manutenção dos equipamentos para garantir transporte para as atividades do projeto;

· Aquisição de equipamento para lavagem de rede adquirido, tornando o processo mais fácil e eficiente;

· Disponibilização de três novos locais para armazenamentos das redes mais higiênico e prático;

· Plano de comunicação desenvolvido, com contratação de uma agência de comunicação especializada;

· 1 câmera adquirida para otimização do material de audiovisual.

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