CONSERVAÇÃO DA TONINHA
NO LITORAL NORTE DO RIO GRANDE DO SUL

SUBPROJETO

CONSERVAÇÃO DA TONINHA NO LITORAL NORTE DO RIO GRANDE DO SUL: INTEGRANDO A PESQUISA E O CONHECIMENTO DAS COMUNIDADES PESQUEIRAS1Este Subprojeto também é chamado de Conservação da Toninha no Litoral Norte do Rio Grande do Sul

Sobre o Projeto

 A principal causa do desaparecimento das toninhas (Pontoporia blainvillei) é a captura incidentalCaptura incidental é sinônimo de captura ou pesca acidental. Consiste na captura de animais que não são alvos da pesca, como é o caso da toninhapor redes de pesca. Por isso, a comunidade pesqueira desempenha um papel crucial para garantir o sucesso das iniciativas de conservação dessa espécie

    Em busca de soluções para a conservação da espécie no Brasil, o subprojeto Conservação da Toninha no Litoral Norte do Rio Grande do Sul: integrando a pesquisa e o conhecimento das comunidades pesqueiras, também chamado de Conservação da Toninha no Litoral Norte do Rio Grande do Sulrealizado pelo Grupo de Estudos de Mamíferos Aquáticos do Rio Grande do Sul (GEMARS), entre os anos de 2017 e 2021, investigou as causas da captura acidental das toninhas e de outras espécies ameaçadas de extinção junto às comunidades pesqueiras do Rio Grande do Sul (RS) e Santa Catarina (SC).

    Como o subprojeto foi realizado?   Ao longo dessa pesquisa, o GEMARS conduziu diversas atividades: 

  • Estimou a quantidade de toninhas mortas na região; 
  • Identificou as áreas e épocas de maior risco para a espécie no litoral norte do RS; 
  • Atualizou dados sobre a pesca e a economia pesqueira nessa região; 
  • Avaliou a atividade pesqueira local conforme normas previamente estabelecidasA instrução Normativa Interministerial MPA/MMA n.º 12/2012 define normas que regularizam a atividade pesqueira na região. Para conhecê-la, acesse o link; 
  • Analisou a percepção dos setores pesqueiros artesanal e industrial sobre as normas e a situação das espécies ameaçadas, incluindo a toninha; 
  • Colaborou com propostas, junto ao setor pesqueiro, para conciliar a pesca com a preservação das toninhas e de outras espécies ameaçadas. 
    Durante as visitas às comunidades pesqueiras, os pesquisadores identificaram possíveis lideranças e organizações ligadas à pesca. Em seguida, embarcaram para registrar as práticas de pesca, suas características e as possíveis razões por trás das capturas acidentais de toninhas e outras espécies.   Além disso, o GEMARS organizou sobrevoosO monitoramento aéreo representa uma importante ferramenta para avaliação da população da toninha, estimando sua densidade e abundância. Ele permite refinar os fatores de correção para estimativas aéreas e avaliar e apurar a distribuição e uso de habitat pela espécie, monitoramentos de praia e experimentos de derivaExperimentos, utilizando métodos de baixo custo, foram realizados entre fevereiro e novembro de 2019. Durante esses experimentos, buscou-se descobrir para onde as carcaças dos animais mortos naquele litoral são levadas pelas correntes marinhas. Os derivadores foram lançados ao mar em 5 pontos pré-definidos e foram encontrados ao longo de 430 km de costa, abrangendo 130 km ao norte e 300 km ao sul da área de soltura. No verão e no outono, a deriva foi, predominantemente, para o norte da área de soltura. No inverno e primavera, a deriva ocorreu, predominantemente, para o sul em todos os pontos de soltura., documentando as áreas de concentração e movimentação desses animais para aprimorar ainda mais a compreensão sobre a situação e contribuir para a conservação dessas espécies ameaçadas. Com essa iniciativa, o GEMARS identificou os atores sociais prioritáriosForam elaboradas estratégias de aproximação com o setor pesqueiro e identificação de suas representações nos municípios de Torres, Tramandaí e Imbé (RS) e Passo de Torres (SC) para a realização de entrevistas e aplicação de questionáriosque deveriam ser entrevistados.  
Resultados do subprojeto Conservação da Toninha no Litoral Norte do Rio Grande do Sul

 
  • As toninhas foram predominantemente capturadas incidentalmente durante o inverno, representando 82% dos registros nesta estação. Infelizmente, todos os golfinhos foram encontrados sem vida e devolvidos ao mar pelos pescadores;  
  • A taxa de captura de toninhas usando redes de pesca para linguado foi aproximadamente uma toninha por lance de rede, resultando em uma estimativa de oito toninhas mortas por barco anualmente. Para a frota de barcos de pequeno porte que utiliza essas redes, a mortalidade anual de toninhas é calculada em 100 animais por ano; 
  • A probabilidade de captura de toninhas aumenta com um maior esforço de pesca Esforço de pesca é a quantidade de operações ou de tempo de operação das artes de pesca numa determinada pescaria, durante um período determinado de tempo. Diferentes parâmetros são utilizados para representar o esforço: dias de pesca, horas de pesca, número de anzóis, metros de rede, dentre outros2 das frotas pesqueiras, indicando que esse é o principal fator para o aumento da captura incidental da espécie. As capturas incidentais foram registradas tanto com redes de fundo quanto de superfície;   
  • O subprojeto também identificou as áreas de maior ocorrência de capturas de toninha no litoral do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, baseando-se na percepção dos pescadores entrevistados; 
  • Em parceria com os pescadores, foram elaborados mapas para definir áreas de exclusão de pesca, considerando o tamanho das embarcações e as normas pré-estabelecidas; 
  • Também foram realizadas reuniões com líderes da pesca para avançar na proposição de duas estratégias de conservaçãoA primeira estratégia foi o início do desenvolvimento de experimentos para a avaliação da efetividade do uso de equipamentos de baixo custo na redução das capturas incidentais de toninha, desenvolvida em parceria com uma embarcação de pequeno porte. A segunda estratégia foi discutida com mestres e armadores de embarcações de grande porte para promover o uso de redes de emalhe de superfície, que apresentam menor probabilidade de captura de toninhas3 da toninha; 
  • ExperimentosEsses experimentos vêm sendo realizados em parceria com o professor Per Berggren e contribuíram com o engajamento de pescadores e pescadoras para a conservação da toninha. Também foi importante para as discussões na elaboração de uma proposta consensual de manejo pesqueiro. Destaca-se que foram os pescadores que realizaram toda a montagem da rede e pensaram nas necessidades da mesma para o uso das garrafas PET, propondo melhorias, o que tornou viável o início dos experimentos. Houve adesão não somente de pescadores e pescadoras diretamente envolvidos, mas também da comunidade como um todo4com garrafas PET amarradas a redes de emalhe foram conduzidos para criar um efeito acústico e reduzir as capturas de toninhas em comunidades pesqueiras do norte do Rio Grande do Sul; 
  • Durante a execução do subprojeto, houve um crescimento constante no número de embarcações parceiras. A proximidade entre pesquisadores e pescadores facilitou o acompanhamento das atividades diárias da comunidade pesqueira, com observadores de bordo presentes durante as incursões de pesca; 
  • De 2018 a 2021, foram acompanhadas 242 operações de pesca em 91 embarques, envolvendo cinco barcos da frota de emalhe costeiro das comunidades pesqueiras gaúchas de Torres e Passo de Torres, no RS; 
  • Os mestres de embarcações de médio porte relataram capturas incidentais em cinco tipos diferentes de redes, sendo as usadas para corvina e anchova apontadas como as principais; 
  • A captura acidental de toninhas não foram uniformes ao longo da área de estudo, com um aumento observado entre o limite norte e sul. Dos encalhes, 79 eram toninhas, ocorrendo em todas as estações do ano, com um pico na primavera e um mínimo no outono; 
  • 84% dos pescadores inicialmente desconheciam a Instrução Normativa Interministerial MPA/MMA n.º 12 de 2012, mas demonstraram familiaridade após receberem informações. A maioria (72,7%) alegou que a instrução influenciou na pesca regional, enquanto 27,3% afirmaram que não teve impacto.
Recomendações

Os pesquisadores destacam a importância de continuar a trabalhar em parceria com os pescadores para garantir a preservação das toninhas. Essa colaboração é essencial para que a comunidade pesqueira reconheça o valor das pesquisas científicas e, principalmente, para desenvolver estratégias conjuntas que tornem o manejo pesqueiro uma atividade sustentável. 

Galeria - fotos e vídeos sobre a toninha

Conheça os demais subprojetos, clicando em Projeto Conservação da Toninha

Recomendações

Os pesquisadores destacam a importância de continuar a trabalhar em parceria com os pescadores para garantir a preservação das toninhas. Essa colaboração é essencial para que a comunidade pesqueira reconheça o valor das pesquisas científicas e, principalmente, para desenvolver estratégias conjuntas que tornem o manejo pesqueiro uma atividade sustentável. 

Para saber mais, confira os links:

Galeria - fotos e vídeos sobre a toninha

Conheça os demais subprojetos, clicando em Projeto Conservação da Toninha