Subprojeto:
Caiu na rede 1

SUBPROJETO CAIU NA REDE É… IMPACTO SOCIOAMBIENTAL POSITIVO!

O Subprojeto Caiu na Rede é… impacto socioambiental positivo! é uma iniciativa do TAC Frade de apoio emergencial, no contexto da pandemia do Covid 19, desenvolvido pelo Instituto de Pesquisas Marinhas, Arquitetura e Recursos Renováveis (IPEMAR) em parceria com a ONG Marulho Produtos Ecológicos, no período de março a setembro de 2021.

Segundo o Diagnóstico Socioambiental das Comunidades de Pescadores Artesanais da Baía da Ilha Grande (RJ), realizado em 2009, a maioria dos pescadores da área exerce outras atividades econômicas além da pesca. O que é uma das características das comunidades caiçaras e uma maneira de garantirem o sustento quando a pesca está em baixa.

Este Subprojeto coletou redes de pesca antigas em estado ruim de conservação e também “redes fantasmas”, ou seja, as redes perdidas no mar na região de Angra dos Reis e Ilha Grande, para serem reutilizadas e transformadas em produtos de maior valor agregado, como sacolas, utilizando técnicas tradicionais, preservando saberes culturais e gerando renda para as comunidades de Matariz e Provetá – regiões historicamente ligadas à pesca artesanal na Ilha Grande – RJ.

As ações realizadas tiveram como objetivos:

Gerar renda para redeiros4 e família com produção de sacolas5 obtidas, a partir de redes de pesca descartadas.

Capacitar novos colaboradores, com ênfase em jovens e mulheres, garantindo a continuidade do saber.

Garantir transporte para a coleta de redes, capacitações e demais necessidades do projeto e da comunidade.

Estruturar espaço para realização das oficinas e preparo dos produtos artesanais.

Por que continuar o Subprojeto?

A região de Ilha Grande é uma área onde interesses particulares, muitas vezes, se sobrepõem às necessidades das comunidades caiçaras locais que enfrentam dificuldades para lidar com os desafios contemporâneos da sobrepesca e da perda do território.

A pesca se encontra em declínio na região e o aumento do esforço de captura amplia também a necessidade do uso de redes de emalhar maiores e em maior quantidade, que posteriormente são descartadas no ambiente. Essas redes, confeccionadas de poliamida (uma fibra sintética também chamada de nylon), frequentemente acabam no oceano, muitas vezes, pela inexistência de um descarte adequado6. Redes e equipamentos de pesca no oceano acabam por prejudicar a própria comunidade, econômica e ambientalmente, ao causar a morte de animais que não são aproveitados para a comercialização, mas que ao desaparecer impactam o equilíbrio ecológico da região. Dessa forma, constata-se aqui um problema socioambiental, ampliado pela desvalorização histórica da atividade pesqueira tradicional e do trabalho realizado pelas comunidades locais.

A atividade pesqueira em Provetá e Matariz passa por um enfraquecimento e os saberes relacionados à atividade estão concentrados em pescadores acima dos 50 anos de idade e do sexo masculino. Paralelamente, ao buscar entender as necessidades das comunidades locais, fica evidente que há uma valorização interna da cultura da pesca e um desejo de que essa cultura seja reconhecida pelos jovens e mulheres das próprias comunidades. Diante desse cenário, fica evidente a necessidade de se resgatar tais saberes, utilizando-os em um processo de inovação que traga impactos positivos sociais, ambientais e econômicos.

A reutilização das redes de pesca na forma de sacolas, ao mesmo tempo que gera renda, possibilita um resgate do conhecimento dos pescadores, dando visibilidade às comunidades locais. A confecção de um produto trabalhado manualmente, com a possibilidade de chegar a consumidores do país inteiro, valoriza a cultura dos saberes da pesca artesanal, além de colaborar com a conservação do ambiente.

Como foi realizado o Subprojeto?

As coletas de redes de pesca descartadas foram realizadas no Cais dos Pescadores, em Angra dos Reis, ou pelos próprios rendeiros parceiros da iniciativa.

Antes de serem entregues para uso nas oficinas, as redes passam por um processo de higienização, secagem e triagem.

As oficinas dedicadas à confecção de sacolas de rede e de outros artesanatos, produzidos com conchas de vieiras das atividades locais de maricultura, foram uma atividade central do processo formativo realizado.

Foram usadas metodologias ativas de aprendizagem com a organização de pequenos grupos e o estímulo à participação de jovens e de mulheres.

O transporte das redes coletadas e dos participantes das oficinas foi facilitado com o conserto de um bote e a aquisição de equipamentos de segurança.

Para completar, o espaço cedido para as oficinas e atividades comunitárias foi readequado. Equipamentos necessários para as oficinas, como impressora e uma antena de internet, antes inexistentes na comunidade, também foram adquiridos pelo Subprojeto.

Principais resultados

· Ao fim de seis meses de desenvolvimento do Subprojeto foram resgatados 406 kg de rede de pesca que seriam descartadas e 3.577 produtos artesanais foram produzidos com essas redes reutilizadas.

· Famílias de redeiros foram diretamente contempladas.

· Um vídeo e uma cartilha foram produzidos para divulgação desse modelo de negócio em outras comunidades pesqueiras, ficando disponível digitalmente

· Foram realizadas dezenove oficinas, em que 28 pessoas foram capacitadas na costura de redes;

· Mais de 400 unidades de conchas de vieiras foram trabalhadas e transformadas em artesanato.

· Bote foi reparado, equipado e disponibilizado para uso.

· Espaço foi reformado para as oficinas e equipado com móveis e equipamentos.

· Impressora comprada e doada à escola.

· As “redes fantasmas”, aquelas descartadas e transformadas pelas mãos de pescadores, geraram visibilidade às comunidades locais e contribuíram para a conservação do ambiente. Além da produção de sacolas, o projeto capacitou novos colaboradores, com ênfase em jovens e mulheres, para garantir a continuidade do saber e a permanência do projeto.

· A parceria entre o Instituto de Pesquisas Marinhas, Arquitetura e Recursos Renováveis (IPEMAR) e a Marulho Produtos Ecológicos facilitou a logística e a comercialização dos produtos on-line.

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