SUBPROJETO DO MAR PARA A MESA:
PRODUTOS DO PESCADO DE TRINDADE (PARATY, RJ)

O que é?

O Subprojeto do Mar para Mesa: Produtos do Pescado de Trindade é a continuidade do Subprojeto Boas Práticas no Mercado Comunitário Caiçara de Trindade de medida emergencial, executado no contexto da pandemia do Covid-19, e pretende avançar na solução para o pleno funcionamento do Mercado Comunitário Caiçara de Trindade, em Paraty2, com o envolvimento do Coletivo de Mulheres e os pescadores da Associação dos Barqueiros e Pequenos Pescadores de Trindade (ABAT) em sua gestão.

Seu principal objetivo é implantar as instalações definitivas do Mercado Comunitário e fortalecer sua gestão coletiva, visando garantir melhores oportunidades de agregação de valor e comercialização da produção ao longo do ano, e uma maior renda às famílias dos pescadores artesanais.

Espera-se que ao fim dos 12 meses, o Subprojeto, tenha o Mercado Comunitário de Trindade em funcionamento adequado e equipado para receber, armazenar, beneficiar e comercializar a produção, adotando as Boas Práticas na Fabricação de Alimentos (BPFA), o Coletivo de Mulheres e os pescadores trabalhando orientados por estratégias e acordos coletivos de gestão, produção e comercialização, fortalecendo a sustentabilidade da pesca e a identidade cultural caiçara. É esperado também, que haja uma oferta de produtos variados da pesca, com qualidade e valor agregado para o mercado local e comunidades vizinhas, gerando mais oportunidades de ampliar a renda familiar do grupo envolvido, maior valorização da pesca artesanal, associando-a diretamente às atividades do turismo, em especial, o de base comunitária (TBC).

Por que continuar o Subprojeto?

A pesca em Trindade permanece como um dos lastros da cultura caiçara, porém, um dos grandes gargalos da atividade era o armazenamento do peixe. Quando quantidades superiores a 500 kg eram pescadas, tornava-se obrigatória a venda imediata para o atravessador, reduzindo o ganho do pescador, que via sua produção ser desvalorizada.

A partir da execução do Subprojeto Boas Práticas no Mercado Comunitário Caiçara de Trindade (Paraty, RJ), o mercado foi equipado com câmara fria (resfriamento e congelamento), fábrica de gelo e utensílios, facilitando o armazenamento por um tempo maior, podendo o pescado ser beneficiado e comercializado diretamente pelos pescadores, levando em conta um preço considerado justo por eles.

No entanto, ao longo de sua execução surgiram restrições quanto ao uso do espaço do mercado. Devido à falta de solução do problema e diante do desgaste gerado, a ABAT e outras associações locais acordaram como solução definitiva fazer novas instalações para o Mercado em uma área comunitária conhecida como Praça Dão, abrangida pela Zona de Uso Coletivo da Área de Proteção Ambiental do Cairuçu, conquistada e valorizada pelos trindadeiros. Ficando assim resolvida, a realocação do Mercado Comunitário para uma área de posse da comunidade, e a construção de uma nova estrutura e a transferência dos equipamentos adquiridos.

Com a proposta de construir um novo espaço do Mercado, as regras da vigilância sanitária para vender o pescado em filé ou postas serão atendidas, diferente da situação anterior.

O beneficiamento do pescado agrega valor ao produto e facilita a comercialização, em especial, para quiosques e restaurantes como os de Trindade. Assim, além da possibilidade de filetar e postear o peixe, a produção de produtos variados, como bolinho de peixe congelado, hambúrguer e outros embutidos de peixe, amplia as possibilidades de aproveitamento do pescado e a comercialização com boas margens de lucro.

As vivências e trocas realizadas com as mulheres da Escola do Mar demonstraram, desde o início, o potencial do envolvimento destas para alavancar outras formas de aproveitamento do pescado além do peixe congelado. Esse grupo segue se reunindo periodicamente para a produção de bolinho de peixe e a venda direta formando um coletivo informal. Atualmente, as mulheres preparam esses produtos de forma isolada em suas casas, mas desejam avançar num formato de trabalho coletivo. Por isso, agregarão espaço do novo Mercado, uma cozinha multifuncional para a produção de outros produtos feitos, a partir do peixe, com reaproveitamento da sobra do peixe filetado, que em alguns casos, chega a mais de 30% do pescado.

Tendo como base a construção participativa do Plano de Negócios já realizada e os aprendizados na construção e implementação de acordos coletivos da ABAT, é previsto um processo de formação em gestão para este Coletivo de Mulheres e os pescadores, de forma a mantê-los mobilizados para a gestão do Mercado. A formação acontece totalmente integrada às atividades propostas nesta nova fase e à gestão do Mercado.

Dessa forma, pretende-se avançar no fortalecimento da pesca artesanal em Trindade e região, contribuindo para a valorização da identidade e do modo de vida caiçara. Além de proporcionar um espaço contínuo de socialização e trocas entre as mulheres do Coletivo, onde possam compartilhar sonhos, memórias e conquistas.

Como está sendo realizado o Subprojeto?

A metodologia e as atividades são desenvolvidas de acordo com os objetivos específicos da proposta e, assim como na primeira etapa, este Subprojeto segue a lógica da economia solidária, cujos princípios são autogestão, democracia, solidariedade, cooperação, respeito à natureza, comércio justo e consumo solidário.

O primeiro passo será o planejamento participativo das atividades, incluindo negociações com as instituições envolvidas para definição do espaço e a elaboração e licenciamento do projeto executivo do Mercado. Paralelamente, e durante todo o período do Subprojeto, será realizado o processo de formação em gestão com o Coletivo de Mulheres e os pescadores da ABAT, com base no Plano de Negócios. O grupo participante da formação será responsável pelo acompanhamento da construção das novas instalações do Mercado.

Entre as atividades em desenvolvimento destacam-se: a elaboração do projeto executivo, a construção das novas instalações do Mercado, a implantação de sistema de energia eletrovoltaica, a realocação dos equipamentos na nova instalação do Mercado, a aquisição e instalação de equipamentos e insumos para a cozinha multifuncional e para o beneficiamento do pescado e produção de demais produtos. E, ainda, a seleção de assessoria para construir e facilitar processos de formação, a realização de encontros mensais, bem como a gestão do Subprojeto, envolvendo os pescadores, o Coletivo de Mulheres e parceiros da ABAT ao longo de sua execução.

Principais resultados esperados

· Implantação do Espaço do Mercado Comunitário Caiçara de Trindade finalizado para receber, armazenar, beneficiar e comercializar a produção de pescado, seguindo as normas da vigilância sanitária;

· Coletivo de Mulheres e grupos de pescadores mobilizados, com estratégias e acordos estabelecidos para a governança participativa e com plano de negócios implementado;

· Produtos com agregação de valor e comercialização da produção ao longo do ano;

· Aumento da renda das famílias dos pescadores artesanais;

· Espera-se que o conhecimento e as informações geradas ao longo do Subprojeto possam subsidiar o monitoramento da atividade da pesca artesanal e medir a influência do processo de beneficiamento, armazenamento e comercialização do pescado na sustentabilidade da pesca;

· Acredita-se que a agregação de valor e oportunidades de comercialização gerem maior renda aos pescadores e, com isso, o esforço de pesca diminua, favorecendo, positivamente, a sustentabilidade da atividade tão relevante para a identidade tradicional da cultura caiçara.

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