Subprojeto Guardião do Mar

O que é?

O Subprojeto Guardião do Mar é uma iniciativa de apoio emergencial, no contexto da pandemia do Covid-19, desenvolvido pelo Instituto Boto Cinza, em parceria com a Capitania dos Portos de Itacuruçá, RJ, com a APA Marinha Boto Cinza de Mangaratiba e com as associações de pescadores das Ilhas de Marambaia e Jaguanum, no período de fevereiro a agosto de 2021.

Além do objetivo de promover a geração de renda, este Subprojeto buscou desenvolver a sensibilização ambiental junto às comunidades de pesca artesanal das Ilhas de Marambaia e de Jaguanum, por meio da atuação no turismo de base comunitária.

Para alcançar esses objetivos, foi necessário capacitar os pescadores, seus filhos e filhas, preparando-os para a obtenção da carteira de Marinheiro Auxiliar de Convés (MAC), oferecida pela Marinha do Brasil, para serem habilitados à fazer o transporte de passageiros e de cargas profissionalmente.

Para isso, foi realizada a formação de Guardiões do Mar2 na APA Marinha Boto Cinza, capacitando-os para o exercício das atividades de turismo com boas práticas, além de poderem oferecer, aos estudantes da rede pública de ensino, deslocamentos para avistagem de golfinhos e, desse modo, promoverem a sensibilização ambiental desses jovens.

Na Baía de Sepetiba, RJ, atuam várias comunidades tradicionais de pesca, entre as quais as comunidades pesqueiras da Ilha da Marambaia, denominada Associação da Comunidade dos Remanescentes de Quilombo da Ilha da Marambaia (ARQIMAR) e da Ilha de Jaguanum, representada pela Associação de Moradores e Pescadores da Ilha de Jaguanum (AMPIJ).3 Em virtude da redução do pescado, buscou-se uma alternativa para promover geração de renda voltada às atividades do mar, mantendo as tradições dessas populações.

Por que continuar o Subprojeto?

Na região dessas Ilhas e ao longo dos últimos anos, as comunidades vêm sofrendo com a redução do pescado, por conta da exploração realizada pela pesca industrial, bem como pela degradação ambiental, provocada pelo desenvolvimento desordenado na bacia hidrográfica e na própria Baía de Sepetiba. Por viverem em ilhas, essas comunidades de pesca têm maiores limitações para criarem alternativas de geração de renda. Nesse sentido, a criação da APA Marinha Boto Cinza abriu oportunidades para desenvolver alternativas de renda também relacionadas ao mar e próximo da sua comunidade de origem. Tendo o turismo de base comunitária como foco, realiza passeios para as ilhas, observação de golfinhos e outras atividades neste mesmo seguimento. Assim, a capacitação das comunidades pesqueiras para essas atividades, através do curso de MAC, permite que os pescadores atuem nessas atividades de turismo – uma vocação da região – e, ainda, possam exercer a profissão de aquaviário, que tem uma demanda crescente na área.

Por sua vez, a certificação de condutor de turismo de observação de golfinhos é uma estratégia importante para atrair os pescadores e seus filhos no processo de sensibilização da comunidade, envolvendo os alunos das escolas públicas das Ilhas, e participarem de boas práticas do turismo e da conservação do ecossistema marinho e do boto-cinza.

Como foi realizado o Subprojeto?

Para atender aos objetivos desse Subprojeto, foram realizadas parcerias com a Capitania dos Portos de Itacuruçá, responsável pelo curso MAC, e com a APA Marinha Boto Cinza, para oferecer certificado de condutor de turismo de observação de golfinhos.

As associações de moradores das comunidades das Ilhas de Marambaia e Jaguanum também foram parceiras, mobilizando e organizando os pescadores e seus familiares para a realização dos cursos e demais atividades.

O processo seletivo dos candidatos ao curso de MAC considerou os seguintes critérios: frequência nas capacitações para o turismo de base comunitária; ser pescador artesanal; ser filha ou filho de pescador artesanal; ser morador antigo de uma das Ilhas atendidas; possuir experiência com a navegação ou turismo; possuir embarcação própria.

Para a capacitação em turismo de base comunitária, com ênfase no turismo de observação de botos-cinza, foram priorizados jovens que já possuíam experiência em pesca, navegação ou turismo. A participação e o interesse foram considerados como critérios de desempate. Além disso, foi analisado o desempenho de cada um na atividade prática, que consistia em saídas para observação dos botos. Muitas mulheres não tinham experiência de trabalho no mar, portanto, este critério não foi determinante para a seleção delas, com o intuito de garantir a diversidade das vagas.

Os participantes do curso receberam auxílio para cobertura de despesas e lanche durante o período das aulas, além de camisas, bonés e máscaras.

As atividades para avistagem do boto-cinza com grupos de crianças das Ilhas foram organizadas junto às escolas municipais e associações de moradores, após as 1ª e 2ª doses da vacinação contra a Covid-19 serem aplicadas nas comunidades. Foram compartilhados saberes sobre o animal entre adultos e crianças. Atividades de educação ambiental foram realizadas nas praias e durante as saídas embarcadas, com incentivo às práticas sustentáveis em relação aos oceanos e às espécies que neles vivem.

Uma campanha foi realizada nas redes sociais para nomear os novos golfinhos observados no período das saídas para avistagem. As fotos das nadadeiras dorsais desses animais foram impressas e as crianças das ilhas foram estimuladas a darem nomes para cada um deles, durante as rodas de conversa promovidas com a comunidade. A votação dos nomes ocorreu pelo site oficial do Instituto Boto Cinza e pelo Instagram, canais onde os nomes vencedores também foram divulgados.

Principais resultados esperados

· Formação e entrega de certificados para 30 alunos no curso de Marinheiro Auxiliar de Convés (MAC) – sendo que 84 pessoas – dentre pescadores e seus filhos – se candidataram para participar da capacitação.

· Formação e entrega certificados para 59 alunos (pescadores e seus filhos) no curso de “Condutor de Turismo de Observação de Golfinhos.

· Participação de 33 crianças, estudantes da ilha, nos encontros para observar os botos-cinza, com atividades contemplativas, lúdicas, de conduta, em caso de encalhe de cetáceos. Na ocasião também receberam orientações sobre a conservação do ecossistema marinho e receberam cartilhas para colorir, máscaras, bonés e lanches.

· Atualização das redes sociais com postagens sobre a campanha realizada para escolher o nome do boto-cinza e informar sobre a sua conservação, buscando dar visibilidade do Subprojeto.

As inscrições nas diversas atividades confirmaram o interesse das comunidades em ações que estimulem a geração de alternativas de renda e o fortalecimento de suas culturas.

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